Foram 28 horas de viagem, se não me engano. Só em São Paulo a espera foi de 6 horas. São Paulo-Milão foram outras 10 horas sentado ao lado de um senhor que cada vez que abria a boca, fosse para falar com a mulher ou bocejar, me dava a impressão de que haviam aberto um túmulo com um corpo em decomposição avançada. Eu chegava a ser acordado por aquele fedor inexplicável, nada agradável.
A “sicurezza” em Milão, por medo de atentados terroristas, causa filas imensas mesmo para passageiros em trânsito: todos os pertences de cada passageiro são meticulosamente averiguados. Ainda assim sobrou um tempinho para passear pelas lojas do aeroporto da capital mundial da moda. Realmente a qualidade e bom gosto das roupas italianas são imbátiveis. Infelizmente os altos preços também. As lojas de artigos de futebol e da Ferrari são uma perdição para quem gosta. Tive que me esforçar para não tirar a carteira que coçava no bolso.
O vôo Milão-Varsóvia é, além de rápido (2 horas), belíssimo em termos de paisagem. Pode-se ver muito dos Alpes em detalhes, algo realmente fantástico. Chegando a Varsóvia, enfrentei uma pequena fila de imigração. A maioria dos passageiros era poloneses ou residentes em países da Comunidade Européia. Os “não europeus” eram um indiano, três africanos, uma família muçulmana, três brasileiros que também irão assistir o concurso (para minha surpresa!) e eu.
Como troquei dinheiro antes de entrar na fila, perdi os brasileiros de vista. Já os africanos, muçulmanos e o indiano demoravam muito com os oficiais de imigração. Os negros então, nem se fala! Tiveram que mostrar documentos que comprovassem onde trabalhavam e mais uma série de papéis. Detalhe: os africanos foram os únicos passageiros que vi na primeira classe do avião! Me assustei e me preparei para o meu interrogatório.
Quando finalmente chegou a minha vez, fui recebido com um simpático “good morrrrning”, o oficial olhou meu passaporte, carimbou e me liberou: “Enjoy Poland!”.
Por um lado me senti aliviado, por outro triste por constatar a discriminação que algumas raças e religiões ainda sofrem em tantos países. Não importa se a pessoa é rica, bem sucedida ou simplesmente “do bem”, a cor da pele ainda é o que mais pesa na hora de se decidir quem entra em quem fica de fora... É realmente lamentável.
As malas demoraram um pouco a serem liberadas, mas a minha foi a primeira a aparecer (milagre!) e logo estava pronto para tomar um táxi em direção ao hotel. Fui muito bem atendido no centro de informações turísticas e logo estava a caminho do Ibis.
O aeroporto de Varsóvia fica próximo à cidade, 15 quilômetros segundo o motorista que me garantiu ter aprendido inglês nas idas e vindas do aeroporto. A avenida que nos leva até a capital polonesa é ampla, sem buracos e arborizada. Sem dúvida causa uma melhor impressão do que quem chega ao Galeão ou Cumbica.
Já instalado no hotel, um pequeno problema: as tomadas polonesas! De que adianta ter acesso à internet e não poder recarregar a bateria do meu notebook? Me informei onde poderia encontrar um adaptador e resolvi caminhar até o shopping Arcadea. O tal shopping ficava mais longe do que eu imaginava e acabei me perdendo. E para encontrar alguém que falasse inglês no caminho?? Missão impossível!
Duas jovens entenderam “Arcadea” no que eu perguntei como chegar e tentaram me indicar como chegar em polonês. Quando viram que eu não estava entendendo nada, uma delas me puxou pelo braço e caminhou pelo menos 1 quilômetro comigo até poder me mostrar onde estava o shopping. O engraçado é que foi o caminho todo falando comigo em polonês, sem se importar se eu estava entendendo ou não. De qualquer forma fiquei muito impressionado com a presteza e simpatia dos poloneses.
Nesta caminhada pude ver um pouco da cidade, que é muito bonita. Contrastam prédios modernos com aqueles blocos residenciais que eram comuns nos países comunistas. As ruas são limpas, arborizadas, muitas pessoas têm a bicicleta como meio de transporte. É impossível não imaginar que esta mesma cidade foi devastada na Segunda Guerra Mundial e depois tornou-se um dos principais centros do regime comunista no Leste Europeu. Ainda encontra-se em transição, mas é incrível como em apenas 17 anos Varsóvia transformou-se no que é hoje. Definitivamente não deve muito às principais metrópolis do mundo ocidental.
No tal shopping Arcadea consegui encontrar o adaptador facilmente e mais uma vez fiquei surpreso com a modernidade do lugar e principalmente a variedade de produtos e lojas. Os preços dos eletrônicos, porém, são comparáveis aos do Brasil (ainda que com muito mais opções que no nosso país).
Voltei ao hotel e lá pelas 6 da tarde e a confusão de fuso horário me pegou: dormi até a madrugada (a qual acabei passando em claro).
Pela manhã fui ao Hotel Polonia Palace, onde estão instaladas as misses. Conversei com a Julia Morley por alguns minutos, ela demonstrou estar muito satisfeita com o nosso trabalho e elogiou muito a Miss Brasil. Logo fui apresentado à Irena, uma espanhola muito simpática que assessora os diretores nacionais e familiares das candidatas.
Poucos minutos depois desceu a nossa Jane, acompanhada da cheperona Cristina (outra espanhola super simpática). Foi ótimo ver a nossa Miss Brasil confiante, feliz, e muito bem quista por todos ao seu redor. Cristina, a “chaperona”, contou que em várias das atividades Jane acaba tornando-se a principal atração pela sua simpatia e carisma. Segunda a própria Jane, o presidente da Polônia já a conhece pelo nome.
A conversa foi curta. Jane me entregou algumas revistas com matérias sobre o Miss Mundo e muitas fotos que tirou nesses dias em que esteve viajando pela Polônia. Ficou encantada com Cracóvia, cidade medieval que pretendo visitar amanhã. Tiramos algumas fotos e voltei ao hotel.
Fui o primeiro diretor nacional a chegar. Além de mim, apenas os pais da Miss Argentina já chegaram à Polônia. A cobertura do Miss Mundo pode ser acompanhada nos sites
http://www.missworld.com/ e
http://www.globalbeauties.com/, além de diversos sites poloneses.