O Caçador de Pipas, um livro fenomenal
O Caçador de Pipas, de Khaled Houssani, é daqueles livros que começamos a ler e só conseguimos parar ao chegar na última página. A sensibilidade do autor ao trazer personagens com os quais qualquer ser humano pode se identificar em suas qualidades e fraquezas é admirável. O livro também tem uma responsabilidade humanitária, levar ao mundo o retrato do verdadeiro afegão, geralmente erroniamente associado ao Talibã e a verdadeiros "monstros" assassinos.
A verdade é que 99.9% da população daquele país foi tão vítima daquele regime sanguinário quanto aqueles mortos em atentados terroristas em todo o mundo, como os ataques às torres gêmeas em setembro de 2001.
O livro também me levou de volta à minha própria infância por razões diferentes. Meu avô Jayme fazia pipas como ninguém, de todas as cores e tamanhos. Me lembros das tardes quentes na casa dos meus avós no morro de São Carlos, Rio de Janeiro, quando meus primos e tios soltavam as pipas feitas pelo meu avô na vasta varanda da casa.
Eles eram bons, venciam grande parte dos combates contra as dezenas de pipas dos vizinhos, que geralmente eram arrastadas para casa como verdadeiros troféus. Eu não levava jeito com elas, na verdade nem tinha saco para soltar pipa, talvez porque uma certa vez alguém me disse que o serol cortava a cabeça de motoqueiros por acidente, cena que me aterrorizava.
De qualquer forma as lembranças daqueles dias são as melhores possíveis. Todos reunidos passando as férias de verão ou inverno (invernos com clima de verão) com os nossos avós soltando pipa (ou assistindo soltarem), jogando buraco, brigando por besteiras, rindo pelas bobagens que falávamos, comendo a melhor comida do mundo, a da minha avó.
Tempos que infelizmente não voltam mais e que deixaram muita saudade.
Voltando ao livro, quem não leio, leia. É o tipo de literatura que nos faz repensar valores e apreciar princípios hoje tão raros, como lealdade e amizade incondicional.
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