Exatamente 20 anos atrás assisti o meu primeiro Miss Brasil in loco. Naqueles tempos o Sílvio Santos presenteava suas "colegas de trabalho" com as entradas para que o Palácio das Convenções do Anhembi pudesse lotar. Quem não fosse "colega de trabalho", só conseguia ingresso se tivesse bons contatos, e foi assim, um conhecido da minha mãe conseguiu dois ingressos e fui com meu irmão, eu com 15 anos, ele com 11.
Chegamos ao local do evento ao meio dia. Esta foi a minha primeira surpresa. O concurso não era transmitido ao vivo. Começava às 4 da tarde e terminava lá pelas 10 da noite, quando a transmissão acabava de começar para todo o Brasil. Fomos os primeiros a entrar e nos acomodamos lá em cima, na última fileira, com meu irmão dizendo a cada 10 minutos: "Meu Deus, se eu aparecer na TV vendo isso nunca mais volto para a escola!".
Depois de um tempo começaram a chegar as torcidas organizadas. Umas 10 fileiras a nossa frente estavam os sergipanos. Animados eles gritavam: "Desta vez vai! É Fernanda na cabeça!". As torcidas de Sergipe e Minas se uniram, e ensaiaram juntas toda a tarde. O que meu irmão não podia prever, era que naquela torcida animada encontrava-se a sua futura esposa, a Rosinha, prima da tal Fernanda! Foi muito divertido quando descobrimos esta incrível coincidência.
O concurso começou às 16 horas em ponto. Número de abertura, apresentação de Luís Caldas (alguém lembra dele??) e apresentação das Misses. Em todos aqueles anos de Sílvio Santos aquele auditório multiplicado por 10 (5 mil pessoas) sempre torcia por São Paulo, vaiava o Rio de Janeiro e adotava uma favorita de coração, alguém que naturalmente encantava o Anhembi. Naquele ano foi Goiás. Ana Amélia de Paula Carneiro vinha de encontro ao público com a seu traje típico de vaqueira e um sorriso encantador. Os aplausos começaram tímidos e foram se intensificando. De repente, espontaneamente, Miss Goiás tornava-se a favorita da noite.
A mineira recebeu o carinho da sua torcida, a paulista animou o Anhembi, e Sergipe arrancou gritos da minha futura cunhada e de toda a turma que havia vindo a São Paulo torcer por aquela moça de Estância.
Foram chamadas as 12 semifinalistas. Goiás entrou, Minas entrou, São Paulo obviamente entrou. Sergipe, apesar de bonita de rosto, ficou de fora. A pernambucana, também eliminada, chorou compulsivamente, inconformada.
O concurso continuou com as tradicionais entrevistas, provas de "beleza Plástica" e "elegância". Pelas pontuações que eram mostradas ao público, parecia que o título ficaria mesmo no Centro-Oeste, com a bela morena de Goiás ou com a loirinha de Brasília, na verdade nascida em Cuiabá.
As 5 finalistas foram Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Contaram-se as notas e Jacqueline Meirelles, a Miss Distrito Federal,levou a melhor com uma certa facilidade. A goiana ficou em segundo lugar e a mineira em terceiro.
O tempo passou, hoje organizo o outro Miss Brasil, o Miss Brasil para o Miss Mundo, que passou a ser o maior concurso de beleza do planeta. No Brasil o Miss Universo ainda é mais conhecido (ainda!) e amanhã uma nova Miss Brasil (Universo) será eleita. A favorita? Goiás, estado de belas mulheres que já ganhou o título de Miss Brasil Mundo duas vezes mas que até hoje não conquistou o primeiro lugar no Miss Brasil Universo.
Ana Amélia deixou escapar a chance de ser a primeira goiana Miss Brasil Universo por pouco em 1987. Resta saber se, 20 anos depois, Liandra poderá, finalmente, lograr esta conquista inédita para o seu estado. É amanhã, dia 14/4, na Band.