Lições de Vida de Soweto...
À primeira vista, Soweto, ou Southwestern Township, não desperta o interesse de alguém que não haja estado ali antes. É um bairro pobre, a arquitetura é simples, e até mesmo os monumentos históricos estão longe de serem obras magníficas de encherem os olhos. O magnetismo de Soweto está na sua história de lutas manchadas de sangre por direitos básicos, por igualdade, por respeito. Soweto testemunhou e vivenciou o Apartheid, é onde viveu e lutou Nelson Mandela e tantos outros guerreiros.
Hector Peterson, o jovem estudante que foi assassinado em 1976, quando muitos outros morreram por rejeitarem o idioma Afrikans (uma variação do holandês) como idioma oficial de todos, tem um memorial e um museu localizados no coração do bairro. Fotos chocantes e vídeos de testemunhas daquela época, fazem com que não esqueçamos do horror que foi o Apartheid, tempos em que os negros não podiam pisar na calçada dos brancos.
Na década de 1970, até nos concursos de beleza a segregação racial fez-se presente: eram eleitas uma Miss South Africa, somente com candidatas brancas, e uma Miss Africa South, com candidatas negras. Ambas competiam no Miss Mundo, até que um boicote por parte de diversos países em 1976 forçou a Miss World Organization a banir a África do Sul do concurso. As sul-africanas voltariam a competir somente em 1991.
Na Regina Mundi Church, principal igreja católica de Soweto, onde aconteciam encontros secretos daqueles que lutavam contra o regime imposto no país, as marcas de tiros nas paredes e até mesmo no seu altar de mármore, fazem com que este passado recente não seja esquecido.
Nosso guia na igreja foi o Sr. Denny, um senhor negro que contou um pouco da história do lugar com grande conhecimento e paixão pelo assunto. Seus olhos brilhavam, principalmente ao falar sobre as mudanças que já aconteceram no país, e nas que ele acredita ainda estão por vir. Segundo ele, muitas já foram as conquistas não somente dos negros, mas da África do Sul como um todo. “A grande maioria de nós jamais esquecerá tudo o que passou, as pessoas que perdeu, o terror, o sangue. Porém, aprendemos a perdoar, pois caso contrário, a hostilidade não terá fim”.
O passeio terminou no Museu Nelson Mandela, outro lugar inesquecível. Já na entrada reparei que havia duas portas, e que o porteiro dizia por qual cada um de nós deveria entrar. Eu e um francês que fazia parte da nossa excursão entramos pela esquerda, os demais pela direita. Logo me dei conta do que se tratava. Os dois corredores estavam separados por um muro de arames. O corredor por onde eu entrei era o dos brancos ou europeus, o outro era dos não-brancos, ou não europeus. No caminho, cartelas gigantes com fotocópias dos documentos de residentes brancos do país.
A sensação é péssima, até porque chega um momento em que as duas entradas nos levavam para lugares distintos. O sentimento é de angústia, raiva, e é quase inacreditável imaginar que aqui um dia isso foi real. Depois passamos por toda a história do país, do Apartheid, de Nelson Mandela, da nova África do Sul. Foram quase duas horas muito emocionantes e de grande aprendizado.
Todos deveriam um dia conhecer Soweto, conhecer a África do Sul, para que não passe pelas nossas mentes, nem por um instante, qualquer sentimento de superioridade em relação a qualquer outra raça. Mandela é uma lenda viva, um homem que deixará para o mundo um legado que não tem preço. Muitas das adversidades que enfrentamos nas nossas vidas não chegam a um milésimo do que este homem passou, e ele jamais desistiu, até alcançar o objetivo de estabelecer a igualdade e os direitos humanos para o povo do seu país.
O amor ao próximo e a capacidade de perdoar são chaves para um mundo melhor. Algo que parece tão simples, mas que ainda temos a capacidade de complicar. Menos mal que já houve uma grande evolução, e como disse o Sr. Denny, “tempos ainda melhores estão por vir”.
Hector Peterson, o jovem estudante que foi assassinado em 1976, quando muitos outros morreram por rejeitarem o idioma Afrikans (uma variação do holandês) como idioma oficial de todos, tem um memorial e um museu localizados no coração do bairro. Fotos chocantes e vídeos de testemunhas daquela época, fazem com que não esqueçamos do horror que foi o Apartheid, tempos em que os negros não podiam pisar na calçada dos brancos.
Na década de 1970, até nos concursos de beleza a segregação racial fez-se presente: eram eleitas uma Miss South Africa, somente com candidatas brancas, e uma Miss Africa South, com candidatas negras. Ambas competiam no Miss Mundo, até que um boicote por parte de diversos países em 1976 forçou a Miss World Organization a banir a África do Sul do concurso. As sul-africanas voltariam a competir somente em 1991.
Na Regina Mundi Church, principal igreja católica de Soweto, onde aconteciam encontros secretos daqueles que lutavam contra o regime imposto no país, as marcas de tiros nas paredes e até mesmo no seu altar de mármore, fazem com que este passado recente não seja esquecido.
Nosso guia na igreja foi o Sr. Denny, um senhor negro que contou um pouco da história do lugar com grande conhecimento e paixão pelo assunto. Seus olhos brilhavam, principalmente ao falar sobre as mudanças que já aconteceram no país, e nas que ele acredita ainda estão por vir. Segundo ele, muitas já foram as conquistas não somente dos negros, mas da África do Sul como um todo. “A grande maioria de nós jamais esquecerá tudo o que passou, as pessoas que perdeu, o terror, o sangue. Porém, aprendemos a perdoar, pois caso contrário, a hostilidade não terá fim”.
O passeio terminou no Museu Nelson Mandela, outro lugar inesquecível. Já na entrada reparei que havia duas portas, e que o porteiro dizia por qual cada um de nós deveria entrar. Eu e um francês que fazia parte da nossa excursão entramos pela esquerda, os demais pela direita. Logo me dei conta do que se tratava. Os dois corredores estavam separados por um muro de arames. O corredor por onde eu entrei era o dos brancos ou europeus, o outro era dos não-brancos, ou não europeus. No caminho, cartelas gigantes com fotocópias dos documentos de residentes brancos do país.
A sensação é péssima, até porque chega um momento em que as duas entradas nos levavam para lugares distintos. O sentimento é de angústia, raiva, e é quase inacreditável imaginar que aqui um dia isso foi real. Depois passamos por toda a história do país, do Apartheid, de Nelson Mandela, da nova África do Sul. Foram quase duas horas muito emocionantes e de grande aprendizado.
Todos deveriam um dia conhecer Soweto, conhecer a África do Sul, para que não passe pelas nossas mentes, nem por um instante, qualquer sentimento de superioridade em relação a qualquer outra raça. Mandela é uma lenda viva, um homem que deixará para o mundo um legado que não tem preço. Muitas das adversidades que enfrentamos nas nossas vidas não chegam a um milésimo do que este homem passou, e ele jamais desistiu, até alcançar o objetivo de estabelecer a igualdade e os direitos humanos para o povo do seu país.
O amor ao próximo e a capacidade de perdoar são chaves para um mundo melhor. Algo que parece tão simples, mas que ainda temos a capacidade de complicar. Menos mal que já houve uma grande evolução, e como disse o Sr. Denny, “tempos ainda melhores estão por vir”.
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