Quando a rivalidade supera a razão

A derrota de 3-0 do Grêmio para o Boca no primeiro jogo da final da Libertadores, confesso me tirou 90% da esperança da conquista deste título. Assisti a final, que aconteceu na última quarta-feira no Olímpico, de certa forma apático. O Boca ganhou novamente e sagrou-se campeão. O Grêmio é vice, uma proeza conquistada na raça, já que o time é limitado tecnicamente e vem de diversas situações adversas. Porém, proeza sim, já que há meros dois anos o tricolor disputava a Série B do campeonato brasileiro.

A torcida reconheceu e apoiou o time na derrota, até ai tudo bem. Os problemas começaram com as provocações dos colorados, campeões em 2006, mas que sequer conseguiram chegar à segunda fase em 2007. Gozações são normais entre torcedores de times rivais, mas quando elas ultrapassam os limites da razão, toda a magia e o encanto do futebol vão por água abaixo.

No interior do Rio Grande do Sul um colorado resolveu provocar um grupo de gremistas que enchia a cara em um bar local. Foi espancado até a morte. Um colorado agrediu a esposa gremista ao término da partida. Ela o matou com uma facada no coração. Por favor, onde estamos??

A mídia deveria sentir o peso da responsabilidade por acontecimentos como estes. Muitos jornalistas são absolutamente irresponsáveis no que dizem, deixam a paixão falar mais alto que a razão, violando um regra básica da profissão: a imparcialidade.

Lamento pela "derrota" do Grêmio, mas sinto muito mais pela brutalidade de alguns. Arruinar a vida de alguém, e consequentemente a sua própria vida, por causa de um campeonato de futebol, é no mínimo uma grande burrice. Espero que estes exemplos sejam usados para que ações como essas sejam evitadas no futuro, ao invés de servirem de "alimento" para essa tão irresponsável imprensa esportiva amarelista.