O Código Da Vinci, Maria Madalena, verdade e fé, não necessariamente nessa ordem...
Paris, janeiro de 1998. Nosso trem para Roma partiria em pouco mais de uma hora, chovia, fazia muito frio, e estávamos longe da estação, mas eu insisti: queria conhecer a Église de la Madeleine, ou a igreja de Santa Maria Madalena. A igreja construída no estilo neo-clássico não se encontra entre os principais pontos turísticos da capital francesa, porém a proximidade que sempre senti com esta santa me empurrou até ela, ainda que fosse para fazer uma simples oração e agradecer por sua proteção.
Foi justamente o que aconteceu. Foram 5 minutos de intensa paz que seriam seguidos por uma verdadeira maratona que enfrentamos para chegarmos à estação em tempo. Com muito suor conseguimos embarcar, mas essa é uma outra estória...
O fato é que, dias depois, em Reikjavik, lá estava ela novamente: uma imagem gigantesca da santa que já foi tachada de prostituta pela igreja católica, na entrada de uma biblioteca pública da capital islandesa. Sua presença e sua proteção eram indiscutíveis.
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São Paulo, alguns anos depois, livraria FNAC. O título daquele livro me chamou a atenção de longe: “A Linhagem do Santo Graal”. Porém, ao me aproximar, li o que vinha logo abaixo da ilustração do suposto cálice: “A verdadeira história do casamento de Maria Madalena e Jesus Cristo”. Não me dei o trabalho nem de retirar o livro da prateleira. “Quanta bobagem que inventam!”, pensei.
Anos depois, assim como milhões de pessoas, li O Código Da Vinci de Dan Brown, sem saber exatamente do que se tratava. De forma mais sutil, o casamento de Jesus e Maria Madalena é abordado no livro, com trechos da trama inspirados no livro que resolvi ignorar anos atrás. Apesar de se tratar de ficção, o Código Da Vinci (agora também nas telas do cinema) traz informações interessantes sobre um assunto extremamente delicado. Sobretudo, ele nos incentiva a questionar a igreja e seus dogmas (absurdos que os católicos fingem acreditar e que os crentes parecem realmente acreditar!).
Se Jesus foi realmente casado e teve uma filha com Maria Madalena, se ele era mais humano que divino, se foi concebido da mesma forma que todos nós o fomos, será que o seu legado e mensagens de amor e paz para a humanidade seriam menos apreciados? Será que precisamos de milagres para ter “fé”? Não seria essa uma grande contradição?
Faz todo o sentido do mundo a igreja ter abafado o verdadeiro papel de Maria Madalena nessa história. Naqueles tempos uma mulher poderia fundar uma religião e levar adiante os ensinamentos do Cristo? O machismo está em toda a parte na religião católica e em todas as outras grandes religiões. A própria “virgem” Maria torna todas as outras mulheres impuras.
Estou lendo “A Linhagem do Santo Graal”, de Laurence Gardner, e ao contrário do que pensei anos atrás, este livro está longe de ser uma “bobagem”. Quem tiver interesse no assunto, recomendo que leia e tire suas próprias conclusões.
Acredito que a verdade deva prevalecer sempre, doa a quem doer, mas historicamente sempre fomos enganados por religiosos, políticos, historiadores, imprensa - tão pouco do que vemos e ouvimos é real ou completo.
Que o Código Da Vinci, com suas verdades e fantasias, ao menos plante a dúvida na mente acomodada e preguiçosa das massas, para que oxalá um dia Maria Madalena e tantas outras mulheres (e homens) que contribuíram mais com a humanidade do que certas “instituições sagradas” nos permitem imaginar, sejam devidamente reconhecidas por quem realmente foram e pelo que realmente fizeram.
Tenho fé de que um dia a manipulação dará lugar a verdade. Muita fé.
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